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2011-09-18

O Perfume - A história de um assassino


O livro é um enredo aparentemente assustador, a história de um bebê que nasce no meio do mercado fedorento de Paris e quase morre pela falta de zelo de sua progenitora, que logo depois de dá à luz à criatura inodora, debaixo de uma barraca de peixeis, a abandona entre os restos de carne, limpa o sangue do parto no vestido e continua a trabalhar como se nada acabasse de ocorrer.

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2011-01-27

Prefácio+Sonataria: O que aprendi com super-heróis


De certo modo é outra analise literária em busca de filosofia. Só não pense que não levo a sério essas buscas. Acho que em quase tudo que aprecio, aquilo que me diverte, busco algo de filosofia, busco um sentido mais profundo. Posso gostar por razões que nunca foram pensadas pelo autor, mas são esses os motivos de defender e pelo modo de ver o mundo que aprecio determinadas coisas.

Não foi uma busca tola tentando achar motivos para gostar de super-heróis, mas sim uma analise inspirada. Pode ter começado de maneira jocosa com os Raimundos, mas provavelmente vou falar de coisas que realmente vejo filosofia. É engraçado esse texto ter surgido num rompante de inspiração, mas ele era tão óbvio... Algo que adoro tanto e por motivos filosóficos também tinha de ser alvo dessa minha natural busca pela filosofia naquilo que gosto.
Esse prefácio além de ser uma conversa com meus raros leitores é também uma indicação de Sonataria. É meio estranho indicar uma trilha sonora para algo que você mesmo escreveu. Ainda mais quando essa música é tão pouco relacionada com meu gosto usual, mas escutei ela repetidamente enquanto escrevia esse texto. Certo que a música é meio lenta, talvez meio ingênua e bem intencionada, uma trilha sonora para para um filme leve, mas acho que acompanha a mensagem.
Aperte play e leia o post abaixo.
[VIDEO de “It's who you are” da trilha sonora de Secretariat]

Se quiser ler mais sobre minha visão de super-heróis eu já postei algumas das histórias deles aqui no blog.

2011-01-27

O que aprendi com super-heróis


Superpoderes são o sonho de qualquer nerd. Mas não são superpoderes que fazem um super-herói. São as lições que eles podem nos ensinar. Alguém com superpoderes e sem ética é apenas um supervilão. E o que os super-heróis ensinaram-me? Algumas lições. Não é pela garota. Nenhuma boa ação fica impune. Não é sobre vingança. Não é a respeito dos outros é por si mesmo. Sacrifício. Não alimentar vingança. Não é a escolha mais fácil.

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2011-01-18

Filosofia, quem procura acha: Raimundos, Só no Forévis

Filosofia é uma coisa interessante. Se você procurar com cuidado, é capaz de achar densidade em qualquer lugar. Pra se ter uma ideia de como é possível vou mostrar a filosofia que pode ser atribuída a uma série de temas.

Inaugurando a coluna “Filosofia, quem procura, acha” vamos começar com o melhor disco dos Raimundos: Só no Forevis. Só em se tratar de uma homenagem ao humorista Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, já é mais um argumento para o classificar como o melhor trabalho dos Raimundos.
Mas vamos ao disco em si, e mais do que isso as letras das músicas. Quem pensa que Raimundos é pornográfico, cheio de duplo sentido, raivoso, não está errado. Mas filosofia... Quem procura acha.

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2011-01-17

Adaptações feéricas


Depois de assistir Disney's Tangled é fácil sair do cinema pensando que se viu a melhor adaptação de contos de fadas de todos os tempos. Adaptar contos de fadas deve ser uma tarefa descomunal, afinal é transformar uma história universalmente conhecida numa desconhecida. Mais do que isso, tem de contar a mesma história. A Disney tem feito isso com primazia ao longo das décadas, desde sua Branca de Neve até agora com Tangled.

O filme é primorosamente executado, talvez o detalhe da apresentação em 3D crie uma dianteira desleal aos demais, mas os adventos tecnológicos são apenas detalhe em vista da primazia literária embebida na produção.

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2010-09-10

Minha querida sogra


Estou escrevendo esta carta, pois preciso desabafar com você. Desde do início do namoro com seu filho Jurandi a senhora e eu sempre nos entendemos muito bem, eu me lembro de quando fui conhecê-la você me recebeu com um terno abraço e muitas guloseimas, que o Jurandi informou que eu gostava de comer.

Senti naquele momento que havia encontrado uma segunda mãe, e o fato de ter sido internada na mesma noite por diarréia não me deixou magoada, sei que tudo o que você fez daquele dia até hoje foi pensando no bem de minha relação com seu filho.
Nos tornamos mais amigas a cada dia, as pessoas até se impressionavam por nossa relação ser estável e sem brigas. Mas a verdade é que cansei dessa vida perfeita! A senhora nunca me critica, acha que tudo o que eu visto e faço é excelente! A verdade é que acho que nosso relacionamento foi uma mentira. Não acredito que você não tenha nada, nadinha contra mim. Já cheguei a imaginar que você planeja algum atentado no dia do casamento, uma vingança fenomenal por todos esses anos de namoro com o Jurandi.
É por isso, por não agüentar mais essa rasgação de seda entre nós, que estou desmanchando o nosso relationship de sogra-nora. Eu sei que não há de fato culpadas nessa história, gostaria de dizer que a admiração por tudo que enfrentamos juntas continua, e que quem sabe um dia possamos ser amigas novamente, mas gostaria que se isso acontecesse você buscasse ser mais transparente comigo, que me apontasse falhas de vez em quando, como os verdadeiros amigos fazem.
É claro que eu amo muito o Jurandi, mas avise a ele, por gentileza, que como não mais a senhora como minha sogra, infelizmente eu também não poderei mais ser a namorada dele. Peço desculpas por não fazer isso pessoalmente, mas acredito que não exista pessoa mais indicada do que a senhora, para terminar nosso namoro.
PS. A Marisa está com uma liquidação de bolsas, caso queira voltar a ser minha amiga em breve podemos ir juntas, me liga!

2010-08-01

Ensaio sobre a paixão


Crônica publicada originalmente em abril de 2007

Lorelay bateu à porta do quarto do irmão. Ela o ouviu dizendo que podia entrar e colocou a cabeça antes de realmente entrar. Ele levantou os olhos do livro e exclamou:

– Rory!
Lorelay detestava aquele apelido. Fora o irmão que fizera questão de colocar.
– Lorelay é um nome impronunciável por um oriental – ele dissera.
– E por que não com l’s? – ela indagara.
– Ia dar na mesma – ele simplesmente dera de ombros.
Novamente Lorelay foi pedir ajuda a Tobia. Apesar de cinco anos mais velha, ela sempre pedia conselhos ao irmão. Desde o dia que ele nascera ela via nos seus olhos que ele era capaz de entender qualquer coisa. O garoto se mostrara um grande enigma para ela. Quase não chorava quando bebê, mas demorara um tempão pra aprender a falar, embora poucas semanas para aprender a ler. Era uma criaturinha mirrada e encurralada, enquanto ela sempre fora grande para sua idade. Eram opostos que se completavam. Ele era calado e taciturno, embora fosse extremamente doce com a irmã, ela era expansiva e falante.
– Entra logo – ele mandou.

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