Superpoderes são o sonho de qualquer nerd. Mas não são superpoderes que fazem um super-herói. São as lições que eles podem nos ensinar. Alguém com superpoderes e sem ética é apenas um supervilão. E o que os super-heróis ensinaram-me? Algumas lições. Não é pela garota. Nenhuma boa ação fica impune. Não é sobre vingança. Não é a respeito dos outros é por si mesmo. Sacrifício. Não alimentar vingança. Não é a escolha mais fácil.
Não é pela garota. Claro que Kal-El poderia mostrar a deslumbrada Lois Lane seus dons a qualquer momento. Mas o que cenas como quando Leonard de The Big Bang Theory não conta a Penny que foi cobrar o ex-namorado dela, ou quando RJ de The Hard Times of RJ Berger, conta a Jenny que o namorado dela não a traiu tem em comum? Não é sobre a garota. É sobre fazer a coisa certa. É fazer a coisa certa pelo valor do que é certo, não em proveito próprio.
Todo mundo escutou, mas quem realmente sabe? Vale repetir, como um mantra: Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Pode parecer bobagem, mas se lhe indagarem se você gostaria de ser o Super-homem lembre do que Zack de The Big Bang Theory disse: “Eu não sei, parece uma grande responsabilidade”.
Quantas pessoas abusam dos mais simples privilégios, tenham sido eles dados pela genética, por riquezas que não foram conquistadas por eles, por uma autoridade que lhes foi concedida pelos que ele abusa. Uma das coisas mais corriqueiras e doentias do nosso mundo são pessoas sem autoridade no lugar de autoridade. Então é uma preciosa lição educar esses tímidos jovens. Os jovens de hoje são os governantes de amanhã.
Stan Lee não é um gênio por ter educado uma geração de jovens tímidos, mas de ter ensinado a eles o que realmente importa. Se você não sabe quem é Stan Lee, ele é o criador do Homem-Aranha e dos X-Men. Um tutor de super-heróis sem poderes, pois tudo que ele poderia dar aos seus leitores eram as lições difíceis. Aquelas que são duras de encarar. Toda vez que penso no Homem-Aranha eu me lembro que nenhuma boa ação fica impune.
Para uma geração que é o esteriótipo da antítese do que um jovem deveria ser, ensinar que não há alternativa além de continuar lutando é uma lição dos quadrinhos. A metáfora dos X-Men não é imediata, mas basta prestar a atenção que nem mesmo aqueles que estão sendo educados por ela percebem. Que metáfora? Essa vai sair de graça...
Imagine o esteriótipo padrão de um nerd: alguém realmente bom em algo, algo que o faz especial. Não se surpreenda quase todo mundo tem, e onde esse algo não existe ainda há o esforço para preencher a lacuna. Pode ser puro e apenas talento acadêmico, mas está lá. Agora imagine-o numa época em que seu corpo está mudando, que não se entende. Agora imagine ser rejeitado pelos seus pares, seja por que eles invejarem aquele talento, ou pelo simples e humano comportamento de temer o estranho, o alienígena. Parece um tanto com a juventude de tanta gente. Não se surpreenda, a beleza e a adequação ao padrão dela são raridade, exceção via de regra e é da natureza da beleza ser assim. Então não se surpreenda nele se identificar com a Vampira e ausência de contato físico que ela lida. Não é a toa que ele se sinta peludo e azul como o Fera. Duvide que essa sintonia seja por acaso.
Mas agora que esse pequeno nerd se viu naquela personagem o que é ensinado para ele? Que nada disso o contém. Que isso não o define. Que nada o limita. Ele tem de fazer o melhor com o que lhe foi dado pois ele não pode fugir de quem ele é, e que o que define é o que ele faz com o que ele recebeu.
Não é a respeito dos outros. Não importa o que os outros digam, o quanto eles invejem ou discriminem. Meta-humano, marciano , kryptoniano ou mutante vai ter de viver com aquilo que ele é. Não importa quanto temam, motivos eles vão ter, senão não haveria superbandidos... Não é a respeito dos outros, não é o que você tem. É quem você é.
As vezes ser quem você é exige sacrifício. Sacrifício. Essa é a real essência do heroísmo, então tinha de estar no super-heroísmo. É o retrato disso que faz eles não terem esposas e filhos. As vezes o sacrifício é retratado pela solidão. Solidão tantas vezes sentidas pelos nerds apaixonados por essas histórias. Se entregar a uma causa não é algo fácil, por vezes pode ser perigoso ou mesmo errado, mas ainda assim muitas vezes é o que deve ser feito.
Não há nada triste na solidão, no sacrifício desses heróis. Eles escolhem esse sacrifício e se não for consciente e livre não é sacrifício. Eles se sacrificam pela coisa certa. O que é triste é que essa escolha seja tão impossível para nós meros mortais que ela esteja sendo depreciada. Afinal o cotidiano diz que com grandes poderes aparece apenas corrupção. Mas não é algo que deva ser ensinado aos jovens. Isso leva a próxima lição.
Não é sobre vingança. A prata é reconhecida como matadora de monstros... É engraçado que tenha sido no que chamamos de Era de Prata que o conceito de super-heróis tão desumanos que são os exemplos inatingíveis que deveríamos seguir tenham se perpetrado. Pois é com o bem, e apenas com Bem que se destrói o mal. E esses idealizados heróis não se vingam, eles preferem lutar guerras perdidas e eternas do que desistir... Tudo que eles tem são batalhas em seu favor, mas eles não podem lutar todas, e por isso a guerra continua e é invencível.
Pois não é sobre a escolha mais fácil. É sobre fazer o bem. E que motivos há para praticar o bem? Num mundo soturno como o nosso, tão cheio de crueldade e injustiça? Não é sobre a escolha mais fácil, é sobre trazer luz a esse mundo através da prática do bem.
Do que adianta ter super-poderes se todo nerd sabe que eles não poderiam ser usados para se vingar do bulie que lhe atormentava? Talvez essa seja a lição mais difícil de aprender. Aquela que faz a real diferença, aquilo que aprendi com super-heróis: Nem mesmo é sobre super-poderes, é sempre sobre fazer a coisa certa.
P.S.: Se fosse pra escolher um super-poder eu ia querer leitura de mentes.
Um comentário:
Eu adorei o texto! Eu estava precisando de algo assim, que me lembrasse a beleza da vida e a real lição que devemos aprender: fazer a coisa certa, realmente nem sempre é fácil, mas nos sentimos melhores como seres humanos quando a fazemos. Parabéns THEO =)
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