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2009-01-20

Compre Coca-Cola, beba felicidade


Finalmente os capitalistas conseguiram. Desde de muito tempo o pessoal de marketing chegou a conclusão que é muito mais simples vender a idéia de felicidade do que vender refrigerante, creme de beleza, carro, ou o que quer que seja.
Hoje está sendo empossado o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos da América. Claro que se deve levar em conta que esse ponto de vista foi até evitado pelo candidato. O que os estado-unidenses compraram foi uma ideologia. Eles compraram a esperança da manutenção do “American way”.
No lugar de pensar nas diferenças entre Obama e McCain é bom pensar em uma grande semelhança: ambos consideram que o papel dos estados unidos é o líder mundial. Prestar atenção que não é um líder mundial, mas o líder mundial. Essa crença é de uma soberba absurda, mas todo mundo se acostumou com isso.
Num mundo em crise graças a problemas de administração do sistema financeiro, em foco o americano do governo de Bush filho, os americanos compraram idéias no lugar de apostar em um comandante do perfil de McCain.
Quando o Lula foi eleito pela primeira vez havia uma agitação no país, um sentimento de esperança. Tanto os americanos, quanto os brasileiros não sabem votar. No caso dos americanos o sistema eleitoral age contra eles, mas isso não vem ao caso.
Os eleitores escolhem figuras carismáticas, idealistas inflamados como Lula e Obama. Os defensores de Obama, ou antagonistas de Lula vão logo argumentar a trajetória comparada de ambos. O primeiro um emigrante nordestino, torneiro mecânico que chegou a presidência da república das bananas. O segundo um negro que se tornou advogado, senador, e chegou a ser xerife do mundo. Mas a questão não são as diferenças, mas as semelhanças.
Por toda América Latina foram eleitos presidentes populistas. Nacionalistas inflamados de um otimismo por vezes absurdo.
Numa situação como essa o que fazer? Depende se o eleitor é pessimista, ou otimista. Os pessimistas sentem logo medo de tal tipo de ideologista, os otimistas ligam o piloto automático e esperam que o sujeito balance sua varinha mágica em cima da super-complexo sistema que é máquina pública de um país e tudo se resolva.
Pode ser que não tenha se tornado verdade o célebre discurso do pastor Luther King Jr, mas de certo modo Obama foi julgado pelo caráter não pela cor da pele. É um dos muitos passos que os americanos têm de dar ainda mais num século como esse que se abre. Que século? E que século! Isso sim...
Ter a China como modelo para o mundo não é lá uma grande perspectiva. O sonho utópico e comunista foi vítima de questões muito mais simples. A China criou uma multidão de escravos, que fazem vezes de espiões. Fica difícil não lembrar de George Orwell e seu enfático ano de 1984.
E agora? Apoiar um nacionalista que quer que os americanos continuem sendo os galos do terreiro mundial, ou se submeter a China? E o movimento mundial de eleger populistas? Torça pelo melhor espere pelo pior.
Não adianta os americanos acharem que Obama vai tomar posse e uma semana depois tudo vai voltar ao normal, ou seja: quem manda são eles. Quando um império entra em crise ele normalmente é de uma vez por todas... Aqueles que não conhecem a história estão fadados, condenados a repeti-la...
O melhor é torcer para que a única lição de história seja: no dia 20 de Janeiro de 2009 foi eleito o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos da América. Ele tem de fazer o trabalho dele: lutar contra uma crise gigantesca, encerrar um medonho conflito que a gestão anterior deixou de presente. Difícil vai ser colocar na cabeça dos americanos que eles não são mais o manda-chuva do pedaço, mas apenas mais um no imenso planetinha Terra. Ele não precisa fazer história, alegar igualdades ou superioridades de raça.
Uma coisa é clara: Obama não se contenta em ser apenas uma linha na história dos Estados Unidos. A população americana acertou numa coisa: elegeu quem eles acham que faz a diferença. Mas é isso mesmo: compre felicidade, beba Coca-Cola.

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