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2008-09-18

The World is Grey, and a bit Greek...*


Pode parecer bobagem, mas é muito sobre isso que significa Greek: o mundo não é preto e branco, mas cinza, em vários tons. Adoro frase de efeitos... Não que Greek seja um amontoado delas... Nem de longe seria isso!
O mais interessante na série é que mocinhos e vilões se confundem de um modo tão humano que a formula básica da série se perde. Qual a formula básica da série? Uma coisa que anda muito em voga nos estúdios: um nerd tentando se colocar no campo da vida real. Ou tão real quanto aquele mundo de fraternidades gregas consiga ser.
Já que o mote da série é extremamente simples, ai vai ele em um parágrafo: o primeiro nerd apresentado nessa estória chega na universidade e se depara com um colega de quarto tão nerd quanto ele, uma irmã que o esteve desprezando (e escondendo a existência dele por todo o tempo que esteve na faculdade), o atual e o ex-namorado da irmã, e as amigas da irmã. Você ser jogado num mundo novo desses com uma série de personagens com passado, motivações e etc não é fácil. Então ele resolve tentar o sistema grego: essas tais fraternidades cujo nome são 3 letras gregas – não pergunte onde os americanos arrumaram essa idéia, muito menos quem arrumou ela antes deles. Parágrafo grande... No caso para completar a primeira temporada é sobre se adaptar ao sistema, conhecer gente e experimentar o que ele espera que seja Universidade.
Primeira regra de Greek:
– Esse é um mocinho ou um vilão – você ou minha guria de quinze anos pode perguntar.
– Não existe esse tipo de coisa – é a reposta mais sincera que posso dar.
Então vamos aos personagens, já que o cenário não é digno de nota e o mote foi simplificado logo acima. Caraca! Vai ser uma porção... E aí que a comédia humana toma graça, por mais vezes que pareça uma tragédia grega – ou mexicana, não sei bem.
Rursty é o nerd que quer ser legal. É possível que algum deles queira isso? Na verdade é bem mais comum do que se pode imaginar. A diferença é que ele vai a campo. Para isso ele decide entrar como candidato a uma casa grega. O mais pitoresco é a escolha dele: a casa de gente mais bagunçada, desinteressada, bagunceira, festeira, sem noção. A KappaTal é uma personagem a parte. Aliás todas as três casas principais são... Elas são os piores estereótipos da série: os grupos definem os componentes, não o contrário. Rusty no entanto é algo a parte nesse meio, ele é um gênio no meio dos insanos... O detalhe de morar no alojamento das engenharias, de estudar para engenheiro de materiais, e de ser por default um nerd, acabam se virando a favor dele. São as coisas que ele aprendeu antes, que fazem dele um nerd que basicamente o tiram de boa parte dos problemas... Tentar ser como os outros acaba colocando...
Uma coisa é certa: Rusty tem muito mais a aprender do que a ensinar, afinal de contas o que vale no mundo real é ter as habilidades que seus companheiros têm, não as que ele esmerilhou com tanto afinco.
Se você tivesse uma irmã mais velha ela provavelmente seria como Cassey. A irmã de Rusty sequer podia admitir que tinha um irmão nerd... Na verdade ela escondeu até ele chegar na faculdade. Ela é a pessoa que mais tem a aprender com o próprio irmão, pois os fatos são claros: ela não conhece Rusty, como ele a conhece. Talvez o que falte nela seja a fibra, pois a capacidade de entender o mundo é muito mais perspicaz do que a do irmãozinho. O grande problema de Cassey, e de basicamente de todas da ZetaBetaZeta seja um só: distinguir o que é certo e o que é errado. Pelo que você venderia sua alma? É uma pergunta que elas parecem não ligar muito, mas está a sempre as cercando.
Ashleigh é a melhor amiga de Cassey e se fosse loira seria insuportávelmente estereotipada. Talvez seja a personagem mais rasa de toda a série. Ela é gastadeira, meio lerda, mas a morena é linda. Antes que alguém possa contrariar, só acha que beleza não é qualidade quem é feio... Ela vai garantir ótimos momentos para quem quer humor. Mas a melhor qualidade não é ser engraçada ou bonita, é ser companheira. Mas em Greek não há os livres de cometer enganos e esquecer os próprios valores por um momento.
Rebecca Logan tem duas coisas importantes: o sobrenome e a capacidade de arrumar encrenca. Ela não é daquelas encrenqueiras peso leve. Pra começo de conversa por ser filha de um senador. Mais que isso, ela entra logo colocando em cheque algo que vai permear a série: fidelidade. O problema de Rebecca talvez seja não entender o preço que se paga ao ser você mesma, sendo quem sendo. Explicando, sendo avoada, festeira, birrenta, tenaz e arruaceira, tome cuidado se o ingrediente principal for ser filha de um senador...
Cavin tem todos os motivos para ser marginalizado. Não bastava ser negro o cara ainda é homossexual. Isso é um defeito? Não para o roteirista da série. Ele lida com isso com primazia. Tanto é assim que o maior problema de Cavin é ser amigo de Rusty, mesmo estando na casa que está em pé de guerra com a KappaTal, a OmegaKay. Aliás o cara é o melhor exemplo de diplomacia do pedaço. Ele consegue ser amigo até de pessoas que se detestam. Sem criar muitas abstrações pode ser que isso decorra da situação dele ser o que mais deveria ser marginalizado. Ante os próprios defeitos as pessoas se acomodariam em torno de alguém que não tem o direito de julgar?
Evan é praticamente um galâ de novela. Não é por menos que ele está na mira de uma porção de garotas. Isso terá consequências, principalmente levando em conta que a namorada dele é Cassey. Mas como diz a prórpria: o mundo não é preto e branco, tem diversos tons de cinza. Ele é um retrato estereotipado do que a casa dele, OmegaKay, representa: status, aparência, riqueza, os melhores. Qual o preço a pagar pelo que se deseja? É a questão primordial que o vai assombrar. Mas aqueles que compram as ações alheias são tão corruptos quanto aqueles que se vendem...
Capple é o pior exemplo de como ser um universitário. Ele vive em função da casa, KappaTal. Ele é com certeza o mais festeiro, bagunceiro, sem noção de toda a série. Tem um bom coração? Tem sim... Mas carrega mágoa dentro dele. O rancor pode criar situações adversas, e quando se está no controle, do que quer que seja, há um preço em ser um líder... No geral as ações dele são bem intencionadas, mas não quer dizer que também vão ser acertadas.
Para não tirar a graça de ninguém vamos falar do derradeiro personagem que aparece no episódio piloto, os outros que surgem durante a série ficam por conta do leitor: Dale. Dale é com certeza um super-herói sem poderes: sabe o que é certo mais do que qualquer coisa. Há uma coisa que não são apenas palavras pra ele: “Odeie o pecado, ame o pecador”. Antes que alguém reclame de algumas derrapadas da alma nobre da série... O que é mais importante? Respeitar o desejo de seu colega de quarto quando agride sua fé? O colega por sinal é Rusty... Aceitar a homossexualidade de um de seus amigos, quando se é católico fervoroso (e criacionista, mesmo sendo um cientista)? Conspirar contra o sistema grego pode parecer errado para aqueles que gostam das personagens que estão lá. Mas o que você faria? Lutaria contra um sistema injusto que beneficia alguns pela sua casta? Acho que você preferiria entrar numa casa... Não lutar pela igualdade.
Dale é um nerd estereotipado, mas tem alguns detalhes que o fazem único. Seu lema é o primeiro deles, mas nem de longe é o único. Ele é bem desenrolado para um nerd. Afinal ele é um nerd, não leproso, como bem lembra, quando o assunto é garotas. Numa série onde o mais óbvio são os defeitos de cada um qual é o de Dale: sua vontade de ter amigos e companheiros. A capacidade dele de aceitar os outros pode titubear, mas ela ainda vai estar lá... Talvez as pessoas simplesmente não agüentem ele sendo quem ele é, afinal ninguém suportaria um mundo onde realmente existisse o super-homem... Todos iam parecer tão ínfimos, mesquinhos, fracos...
Resumo da série: nem sempre as pessoas tomam a decisão mais justa, mais acertada... O mundo acompanha isso e por vezes toma decisões injustas e equivocadas.
* O Mundo é Cinza, e um pouco Grego...

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