Califonication
Essa série é a quase a definição do que é bom dura pouco. A primeira temporada tem doze episódios de cerca de trinta minutos cada um.
Normalmente só há três tipos de séries para mim: as que gosto, as que detesto mas me envolvo com as personagens, e as que detesto. Califonication se encaixa nessa segunda categoria. Os personagens são interessantíssimos.
Quem pensa que Californication é um amontoado de pornografia e palavrão pode tirar o cavalo do meio do temporal – pelo menos no quesito pornografia. O desfile de peitos concentra-se no primeiro episódio... Os palavrões são uma constante na vida das personagens...
A primeira temporada de Californication é uma argumentação contra os finais felizes... Tudo trabalha para que as coisas terminem piores do que começaram... Lapsos de esperança devidamente frustrados...
A vida de Frank Moody é absurda, mas quem pensa que ele é só um bêbado, fumante, drogado, viciado em sexo, tem sua cota de acerto. O mais legal entretanto é o como um sujeito desse consegue ser gente boa e bom pai. Falo sério! Ele entende a responsabilidade de ser pai, cuida da filha de seu modo bagunçado, mas com a devida cota de atenção, carinho, sinceridade (no que ele pode dispor) e até mesmo limites. Por sinal a família dele: sua filha Becca (Rebecca), é outra personagem digna de nota.
Becca é um estereótipo ambulante: a garota madura que consegue amar o pai maluco, tão meiga e gentil, carregando uma guitarra e um corte de cabelo emo... No lugar de forjar uma personagem insípida o trabalho sobre ela é um dos mais legais que já vi... Talvez ela seja um retrato mais jovem de Lorelay (Gilmore Girls), Julie (Desperate Housewives), mas com certeza mais legal que a soma das duas.
Quem quiser entender Califonication vai ter de assistir. Um sujeito que tem uma vida alucinada como Moody só podia se envolver como todo tipo de gente... Isso inclui uma quantidade de desgraçados que mostram o que de ridículo e, mesquinho ou simplesmente débil há no ser humano. Não que Frank não dê sua própria participação nessa alegoria.
Californication consegue ser uma série imprevisível. Com muito do que torna o ser humano menor – tenho certeza que metade dos comerciais é de cigarro. Talvez o modo como as personagens abusam de álcool, cocaína, e sexo não seja devidamente punido, mas é possível torcer para que Frank reúna sua família e tenha um final feliz.
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