O Nordeste brasileiro definitivamente não é um bom solo para o metal... Essa era a impressão que dava quando se chegava na beira do palco do Clube Português em Recife-PE para assistir ao show do Nightwish. Público minguado... Nem por isso pouco animado.
Depois de ter encarado mais de duas horas de viagem da Paraíba até a capital pernambucana esperava ver um multidão, afinal não se esperava só o público de Recife, mas de diversas imediações do Nordeste.
Já na fila podia-se notar que não parecia ser um caso de casa lotada... Fila curta para um show desses. Entrando, se deparando com o público vem duas grandes perguntas: onde está a galera? Como esperar que mais atrações internacionais saiam do eixo Rio-São Paulo, e caiam na terra do forró se o público não comparece?
Esse ano Recife teve shows do Gamma Ray, Helloween, Symphony X, e ontem do Nightwish. Só mesmo dando uma de entrevistador para descobrir o que raios aconteceu para o público não aparecer... Concorrência de Fortaleza-CE? Afinal não se espera apenas um público da cidade ou mesmo do estado quando se tem a oportunidade de ver o Nightwish. Mágoa pós-Tarja? Afinal ele encerrou uma era, e Anette começou outra. De conhecidos parece que as pessoas não faziam muita questão de ir já que a nova vocalista não era a endeusada Tarja.
O show começa e nem um, nem dois, nem apenas três três fãs devem ter se perguntado: WTF? Que raios de som é esse? A bateria estava muito alta, os vocais muito baixos. É claro que isso nem de longe impediu o público de acompanhar “Bye bye beautiful” com toda empolgação.
Agora vem os noves fora... Quem disse que lembro da seqüência do setlist? Esquecendo isso e avaliando o restante. Nightwish é uma banda performática. As saídas e entradas dos componentes dão uma ar de renovação ao espetáculo. Claro que eles não fazem trocas de roupa típicas de shows pop, mas quando Anette entrou com uma tiara de princesa, foi até... Sei lá... Meigo?
“Dark Passion Play” domina o show com Sahara, Amarath, “The poet and the pendulum”, “The islander”, “Whoever brings the night”. Não podia deixar de ser, afinal tanta gente tem uma agonia ao ver Anette cantando as músicas clássicas. É claro que a história do Nightwish pré-Anette não pode ser desprezada. Nem deveria. É por isso que eles tocam “Como cover me”, “The siren”, “Dead to the world”, “Dark chest of Wonders”, o clássico dos clássicos Wishmaster, e a música oficial de encerramento “I wish I had an angel”.
Como foi bem comentado por um conhecido: ainda bem que Anette não foi vestida de bandeira da Croácia. O “irmão separado no nascimento” de Tuomas, Jonny Deep estava representado em bonequinhos de duas personagens clássicas dele: Edward, mãos de tesoura, e Capitão Jack Sparrow. As alegorias estavam fixadas nos apoios dos teclados do músico.
A política de jogar coisas estava realmente em voga. Tanto o público jogou de tudo (na esperança de ter de volta), como durante todo o show Emppu jogou palhetas. Algumas toalhas, afinal Recife não é conhecida por muito metaleiro como Hellcife por nada. O público jogou balões, que foram devidamente chutados de volta para a platéia, tampas de garrafa que foram valorosamente desconsideradas, jogaram uma touca e uma camiseta baby-look, Eppu achou graça da camiseta, demonstrou que não cabia nele. Contudo o que foi mais enfático foi o sapato da linha all-star, na cor rosa que foi arremessado para cima do palanque. Pena que só jogaram um pé... Também acho que não serviria no pé de Marco, nem mesmo em Anette.
Depois deles tocarem Wishmaster, teve a inexorável saída. Gritos por Nightwish. Eles voltam e encerram como já foi dito com “I wish I had an angel”. Nisso ocorre-me: já? Passou voando... As 13 músicas passaram como se fosse nada. Acho que o público mesmo reduzido teria encarado sem problema a discografia toda da banda.
Gosto de quero mais, deixou, resta saber se os produtores da cidade estão gostando do público... Em todo caso Fortaleza não é tão longe... O que deve ser levado em conta é que um show desses não é simplesmente um show na cidade de Recife, é um show para o Nordeste, então é necessário que o público compareça para apoiar.
No mais é esperar que eles tenham gostado do público. Platéia pequena é bom para a platéia, mas nem tanto para o artista... Mas se o senhor dos desejos puder atender um desejo noturno, pós um excelente show: venham novamente para o Nordeste.
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