– Perai, perai – o sujeito pede para a moça...
– O que foi? – ela pergunta já um pouco triste.
Contextualizando situação. A moça estava de todas as formas tentando reconquistar o ex-namorado. Não que ele não gostasse dela, mas não via muito futuro naquela relação. Ela pelo contrário conseguia ver uma porção de futuros... A maior parte terminando em casamento, e uma porção de filhos.
– Eu não vou mais ficar com ela – o sujeito disse para o amigo.
– Vai – o amigo respondeu.
Para pular a parte repetitiva dessa conversa mais a frente o amigo diz:
– Eu aposto com você!
– Quer perder quanto? – o sujeito respondeu perguntando.
– Cem conto – o amigo responde.
– Caraca! – o sujeito exclama – Tu vai apostar tudo isso contra teu amigo?!
– Pode ter certeza – o amigo avacalha – Levo muito mais fé nela que em você.
Voltando a situação constrangedora quando o rapaz evitava os carinhos da ex-namorada.
– Você não quer ficar comigo? – ela pergunta magoada.
– Depende... – ele diz meio ressabiado.
– Depende do quê? – ela pergunta intrigada.
A situação já estava devidamente constrangedora para o sujeito aparecer com uma dessas, mas como ele é um sujeito prático responde na lata:
– Você me arruma cinqüenta reais?
– Você deve estar se achando muito gostoso – a moça responde indignada e vai embora.
Voltando para o acerto de contas entre os amigos, o sujeito estava recebendo o valor apostado.
– Isso vai fazer um rombo danado ! – o amigo comenta ao entregar o dinheiro – Mas como droga é que tu conseguisse resistir a menina?
– Rapaz... – o sujeito explica – Eu podia até mentir pra você mas foi a questão da grana...
– Não acredito que tu se segurou por causa da aposta! – o amigo ficou estarrecido – Vai te catar!
– Não foi bem isso... – o sujeito explicou – Quando eu lembrei da grana que ia ter de desembolsar eu perguntei se ela estava a fim de rachar a grana da aposta...
– E ela? – o amigo perguntou.
– Ficou pensando que eu tava cobrando, ou me aproveitando, sei lá – o sujeito explicou – Ficou tão ofendida que me deu as costas e me deixou chupando o dedo...
– Pior pra mim – o amigo completa – Que ainda tive que pagar pra tu ficar chupando o dedo...
– No fim das contas eu ainda acabei ganhando um presente de dias dos namorados... – o sujeito explica – Se ela tivesse aceitado rachar a grana da aposta tinha ficado elas por elas. Eu tinha desembolsado a grana do presente dela e ela o meu...
– Sendo assim tu vai ter que rachar essa grana com ela...
– Por quê?! – o sujeito questiona intrigado.
– Porque eu me recuso a ser a pessoa que te deu presente do dias dos namorados! – o amigo respondeu.
– Cinqüenta? – a moça perguntou indignada – Eu valho muito mais que isso!
Afinal de contas ela nunca ia aceitar cobrar menos do que ele para o que quer que fosse que ele estivesse oferecendo.
– Mas eu só tenho cem... – o sujeito começa a explicar.
– Isso dá para o começo – a moça responde.
Ela toma a carteira da mão dele tira o dinheiro ante o ex-namorado abobalhado com a situação. Antes que o sujeito conseguisse vencer o abismamento da situação, a moça dá-lhe um beijo voluptuoso que o faz esquecer completamente da narrativa que ia ter de contar para explicar a os acontecimentos.
Entre os fervorosos abraços de reconciliação o sujeito só pensa numa coisa:
– Ele vai querer o dinheiro de volta...
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