Eu não tinha escutado a música nem conhecido seu autor ou as bailarinas associadas a esse movimento – acho que vou chamar de autor e bailarinas mesmo. Graças ao famoso YouTube deu pra ficar sabendo de tudo isso (é bom eu tomar cuidado com as palavras de duplo sentido nesse texto).
Já ouvi dizer que “Dançar é fazer na vertical o que se quer fazer na horizontal”. Acho que nunca foi tão verdade. Pensando bem isso foi apenas um clichê. Se lembrarmos de tempos mais “áureos” da mídia brasileira veremos que os produtores de agora não inventaram nada. Afinal é dando um créu na boquinha da garrafa pra uma população de ignorantes que se faz dinheiro.
Outro dia estava discutindo com uma neo-zelandeza e perguntei o que ela achava do Brasil. Nas palavras dela: “extremly hot sexy weather”. “ hot weather and sexy cities”. Perai! “Hot sexy weather”? Que droga de imagem internacional que temos é essa? Fiquei pensando se devia mudar a visão dela para um país em guerra civil... Afinal é uma guerra que rola no Rio de Janeiro – e quem diz isso são os padrões da ONU para isso. Já sabia disso muito antes de qualquer tropa ser veiculada no cinema. Acho que seria uma maldade com a moça fazer pensar que aqui é o Iraque, mas “hot sexy weather” me deixou não só indignado como também desolado.
Na hora posso não ter aceitado o comentário da melhor forma possível, mas o MC Créu e a Mulher Melancia me fizeram entender... Sabe como é: país tropical, muito calor, pouca roupa... E putaria como uma herança cultural nacional. Fazer denuncia de turismo sexual nesse país é uma inutilidade das mais retumbantes. Fala sério: se o cara vem aqui pra traçar prostituta ou não, é problema dele... Só não queria essa imagem para o meu país... Na mesma medida aquela visão obtusa de que brasileiro é um excelente amante é de uma vulgaridade tão ampla quanto tudo o mais. Massageia o ego dos tupiniquins, mas ser conhecido como o “The Hot Sexy Weather” não é um legado que eu queira, nem pra mim nem para meus pares e descendentes.
O que se pode fazer? Na minha opinião? Nada. Dou todo direito de expressão a quem quer que seja... A falta não está no cineasta fascista, nem na prostituta best-seller, nem no cantor analfabeto, está no consumidor desse tipo de droga. A culpa, a culpa mesmo é de um povo não sem cultura, mas sem vontade. Brasileiro é um dos tipos mais derrotados que existe: ser brasileiro e não desistir nunca é uma generalização tão pífia que me dá dó. Esse país devia estar cansado de ser sexy... Me deixa obcecado que os europeus queiram apenas um rolê, seja nas mulheres, homens, ou música brasileira. E quem não entendeu, desliga a rádio e liga a MTV.
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